segunda-feira, 26 de junho de 2017

Bike e Yoga

Sou Juliana Melim, tenho 33 anos e vou falar sobre duas paixões da minha vida: bike e yoga! Gosto muito de pedalar e vou discorrer sobre como a prática de Yoga me ajudou nesse esporte.
A bike e o Yoga entraram na minha vida mais ou menos ao mesmo tempo, há 10 anos atrás. E desde então, fazem-se presentes e relacionados na minha trajetória.

Yoga é um conhecimento milenar que visa o desenvolvimento pleno do ser humano, gerando equilíbrio corporal e mental. Foi tão significativo pra mim que decidi me formar instrutora e atualmente exerço essa função na cidade onde resido, São João Batista - SC.
Sou profissional na área do Yoga, porém amadora na bike. Mesmo assim, desenvolvi um ritmo considerável e um volume de treinos alto, realizando longos pedais, passando horas em cima da bike. Isso realmente me faz muito bem!
Um sério problema de ciclistas amadores é que vamos  viciando em pedalar, e na medida em que treinamos, aumentamos a capacidade cardiorrespiratória, o volume de treinos e os percursos, porém não observamos o corpo como um todo! Os profissionais, normalmente, são bem assessorados e realizam uma série de treinos e atividades adicionais que potencializam seu rendimento e previnem lesões. Mas nós amadores, infelizmente não. E por esse motivo, muitas vezes, adquirimos lesões, temos dores nas costas, pescoço, articulações, justamente porque nos dedicamos apenas ao pedal, não compensamos o esforço, tampouco treinamos outros grupos musculares não estimulados no ato de pedalar.
A exposição contínua do corpo do ciclista a mesma postura é o motivo principal que ele precisa se conscientizar da necessidade de compensar esse esforço. E aí entra o Yoga, que tem poder regenerativo, estimula o fortalecimento muscular e articular de todo o corpo. As posturas são muito dinâmicas e variadas e desenvolvem força, flexibilidade e equilíbrio.
Ter outros grupos musculares fortalecidos, como braços, ombros e principalmente abdômen e musculatura paravertebral faz uma diferença efetiva para a saúde do ciclista e desempenho na bike, pois além de serem complementares na pedalada, são os responsáveis por uma postura correta.
Nas posturas de Yoga trabalhamos exercícios variados com a coluna que são excelentes para aumentar a mobilidade e flexibilidade. As extensões e torções da coluna. realizadas nos ásanas, são especialmente importantes para os ciclistas, que ficam com a coluna flexionada, rígida e encolhida por longos períodos e, muitas vezes, cultivando uma corcunda. Destaco aqui os amigos ciclistas de estrada, que visam a velocidade e vão inclinando cada vez mais o tronco na bike com objetivo de reduzir o indesejado atrito do vento contra o peito.
É claro que é muito legal atingir e manter altas velocidades durante o pedal, inclusive, esse é um dos maiores objetivos dos atletas. Porém, observe sua coluna, cuide dela, até mesmo para você preservar sua capacidade de exercer o esporte que você ama!
No meu caso, tendo desenvolvido mobilidade na coluna, consciência postural e o fortalecimento de grupos musculares relacionados a pedalada, eu me sinto confortável para realizar um pedal mais longo, onde estarei por horas consecutivas na mesma posição,  reduzindo sofrimento, evitando dores pós treino e as temidas lesões.
Além disso, no Yoga aprendi a compreender melhor meu corpo, a identificar as respostas fisiológicas geradas por condições emocionais e psicológicas, e isso também aumentou meu desempenho no ciclismo, especialmente pela prática das técnicas respiratórias e meditativas que ampliam a capacidade respiratória e o controle de emoções.

Sou profundamente grata a vida e ao Yoga pela possibilidade de trilhar esse caminho. Sou grata também as pessoas queridas que tenho encontrado, e fico feliz em poder ensinar a prática do Yoga que tanto me faz bem. Namastê e bons treinos!

Artigo escrito para a revista online Amigo do Ciclista Bike Friendly, edição de Abril de 2017. https://goo.gl/1uga1M

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Yoga: dúvidas e curiosidades

Namaste amigos, esse texto é o registro de uma dinâmica que fiz ao iniciar o trabalho como instrutora de Yoga: Uma roda de conversa com os alunos sobre dúvidas iniciais e curiosidades. Foi um momento muito especial e quero compartilhar com todos, pois são dúvidas recorrentes.

O que é yoga? É religião?
Yoga é uma prática milenar que visa o desenvolvimento pleno do ser humano, gerando equilíbrio corporal, mental e espiritual. O berço do Yoga é a Índia e apesar de ter vários mestres importantes não se atribui exatamente a uma pessoa específica o seu surgimento, é considerado "conhecimento revelado" à humanidade.
Yoga desenvolve a sensibilidade e a percepção para uma realidade sutil, mas não é religião, é mais fácil compreendê-la e concebê-la como uma filosofia de vida.

Limitações físicas ou respiratórias podem me impedir de praticar yoga?

Não, a prática de Ásanas (posturas da Yoga), estimula alongamento, equilíbrio e força e são excelentes práticas físicas. Basta apenas ter consciência e responsabilidade com as características do seu corpo. 
A variedade estrutural dos corpos é imensa e seria muito cruel definir um perfil ideal para selecionar os praticantes de Yoga.
Uma explicação muito bonita que ouvi na palestra do Gustavo Schimming, fisioterapeuta e Instrutor de Yoga: Devemos praticar Yoga com Ahmisa, ou seja "não-violência" com o próprio corpo e vamos evoluindo com responsabilidade corporal.

Quais o cuidados que devo ter ao praticar Yoga?
É preciso seguir os comandos do instrutor e informá-lo sobre dores, caso houver. E saber que você pode progredir na prática, mas sempre tendo como referência seu próprio corpo, não o corpo do colega ou do instrutor. 
Por isso, não devo tentar realizar as posturas na mesma amplitude que o outro executa, por exemplo se meu corpo está dando sinais de que isso não é possível no momento. Yoga não é competição, portanto, avancemos com responsabilidade na prática!

Qual a relação do gênero na prática de yoga?


É interessante falar que no início, antigamente na Índia, apenas homens podiam praticar Yoga, ensinados individualmente por seus mestres. Posteriormente a Yoga se abriu para todas as pessoas. Homens e mulheres percebem seus benefícios.

A única diferença mais visível é em relação a estrutura corporal masculina e feminina que beneficia mais ou menos em alguns ásanas. Por exemplo, homens normalmente executam melhor posturas de força que as mulheres, pois sua estrutura costuma ser mais forte. Já nas mulheres vemos mais facilidade de executar os alongamentos, a abertura pélvica, por exemplo, maior nas mulheres se dá em função de sua natureza de parir uma criança.

 Yoga pode me ajudar na prática de mergulho? (A dúvida específica veio de alguém que desejava aumentar seu tempo de mergulho em apneia. Respondi partindo da minha experiência esportiva que é diferente, mas que também exige bastante da capacidade respiratória, que é o ciclismo.) 
A Yoga me ajudou muito no ciclismo, pois aprendi a compreender melhor meu corpo, a identificar as respostas fisiológicas geradas por condições emocionais e psicológicas e isso aumentou meu desempenho na bike especialmente pela prática de técnicas respiratórias e meditativas que ampliam a capacidade respiratória e o controle de emoções e adrenalina. 

Seleção de futebol alemã de 2014 praticando Yoga. 
Portanto, acredito que a Yoga beneficia sim a prática de mergulho, assim como é complementar aos demais esportes, um bom exemplo é a seleção de futebol alemã campeã na Copa de 2014 que tinha Yoga em seu treinamento.

É preciso ser calmo para praticar yoga?
Quando alguém me fala: "Eu não tenho paciência para praticar Yoga", eu costumo responder: "Então você é o aluno ideal para a Yoga". 
Hoje em dia buscamos alternativas para nos ativar, para estar cada vez mais atentos, ágeis, pró-ativos, no entanto, esquecemos da importância de frear esse processo. Quem nos ensina a relaxar, onde está o botão de desligar?
Algumas pessoas começam a perceber os efeitos negativos da agitação mental constante. Não há necessidade de ser calmo para praticar Yoga, o que acontece é que alguns tomam ciência do desejo interno de estar em paz. E são muitos que encontram essa paz na Yoga, pois ela estimula, por meio de sua prática a modificação do padrão mental.

Qual a importância do silêncio na prática de Yoga? 
O silêncio faz parte desse treino de transformação do padrão mental. São muitos os que evitam o silêncio, seu padrão mental é de agitação, o monólogo interno é frenético, e o silêncio, por sua vez, é incômodo. Para essas pessoas, no início da prática de Yoga silenciar é difícil, porém ao serem perseverantes a mente começa a se afinizar com o silêncio, o monólogo interno diminui a sensação de paz vai se instalando.

O  que é o Om?
Símbolo do Om
É complexo explicar Om tamanha sua importância no Yoga. Por mais que você pratique em lugares e com instrutores diferentes, mesmo observando uma variedade de exercícios, de técnicas respiratórias, será muito difícil não ter o momento de entoar o mantra Om.
O Om é um som sagrado que não tem um significado específico, ele é entoado com a intenção de conectar os corações dos praticantes com o todo, o absoluto, a plenitude que está em tudo e dentro de cada um ao mesmo tempo. Talvez pareça abstrato demais, e é mesmo.  
Pesquisei muito sobre o Om e gosto de falar sobre isso, mas ele só passou a me fazer sentido na prática. Penso que o Om, mais do que compreendido tem que ser sentido, e para isso é preciso permitir-se conhecer: praticando!

Por que preciso aprender a respirar? Já faço isso desde que nasci!
É engraçado quando as pessoas fazem essa constatação, no entanto, utilizamos a nossa respiração de maneira errada. Muitos respiram apenas para manter esse corpo físico vivo e o fazem sem consciência. Mas quando param para observar percebem que seu padrão respiratório é rápido e curto, isso gera uma mente agitada e confusa.
Quando tomamos consciência da respiração e realizamos o treinamento dos Pranayamas (técnicas respiratórias) estimulamos nossa capacidade respiratória, tornando-a mais longa. Com isso o oxigênio chega mais efetivamente ao cérebro e o padrão mental se modifica, tornando-se mais centrado.

Yoga pode ajudar a desenvolver autoconhecimento e autocontrole?

Até aqui foi possível perceber que a prática de yoga vai além do treinamento corporal e falamos também dos benefícios de uma mudança de padrões respiratório e mental.

Quando a Yoga se torna um hábito de vida a pessoa consegue se observar, identificar as repostas fisiológicas do seu padrão mental e dispõem de técnicas para modificar e controlar esse padrão, e com isso tomando atitudes mais conscientes e assertivas. Isso é autoconhecimento e autocontrole.
E o mais bonito é que não é crença ou misticismo. A ciência, a medicina e a psicologia tem divulgado estudos fantásticos comprovando os efeitos positivos da Yoga e de práticas meditativas na vida das pessoas.


É necessário adquirir um tapete próprio para praticar Yoga?
São várias as escolas que dispõem de tapetes para os praticantes e são várias também aquelas que não os oferecem.
Porém eu incentivo meus alunos a adquirirem seu próprio tapete por vários motivos: Além da questão higiênica, existem outras vantagens de ter seu tapete, você pode esticá-lo em casa e praticar noutros momentos, locais e eventos. Seu tapete carrega sua energia, sua marca e sua evolução no Yoga. Vale a pena investir!